Concordância com a voz passiva sintética

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

A concordância com a voz passiva sintética se dá mediante a adequação que se faz entre o verbo e seu respectivo sujeito
A concordância com a voz passiva sintética se dá mediante a adequação que se faz entre o verbo e seu respectivo sujeito

Não é preciso ir muito além para encontrar, jogadas aos quatro ventos, frases assim: *conserta-se fogões; *aluga-se apartamentos; *vende-se terrenos...

Temos aqui dois importantes elementos que participam ativamente da circunstância comunicativa: ação (verbo) e seu respectivo objeto. Principalmente porque um leitor desatento e não muito apegado aos fatos gramaticais dará pouca ou nenhuma importância para o fato de o verbo se encontrar na terceira pessoa do singular e o sujeito no plural. E mais! Se existe o sujeito indeterminado, uma vez acompanhado do pronome “se” (índice de indeterminação do sujeito), ele não integraria o fato em questão?

É bem possível que o emissor, ao proferir enunciados dessa natureza, entenda que há alguém, embora desconhecido, indeterminado, que realiza uma determinada ação.

Quando dizemos que “precisa-se de operários”, logo temos um verbo transitivo indireto, cujo complemento é “operários”. Mas se formos transformar tal enunciado para a voz passiva analítica, chegamos à conclusão de que tal possibilidade se torna inviável, ou seja: *De operários é precisado – não, nunca! Por essa razão é que verbos transitivos indiretos não admitem voz passiva – nem a analítica, nem a sintética.

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Agora, vejamos este exemplo:

*Conserta-se fogões – voz passiva sintética

Fogões são consertados – voz passiva analítica

Constatamos que se trata de um verbo TRANSITIVO, mas será que o complemento de tal verbo é “fogões”? Por favor, não digam que sim! Ah! Não consegue compreender o porquê? Não se preocupe, experimente fazer aquela famosa perguntinha ao verbo... você descobrirá em um instante... ou seja, o que são consertados? FOGÕES. Eis que estamos diante de um sujeito, cuja possibilidade é de o verbo concordar com ele – “princípio básico da concordância verbal”.

Dessa forma, caro (a) usuário (a), não existe outra alternativa senão fazer tal concordância, assim expressa:

CONSERTAM-SE FOGÕES. Embora também seja correto dizer “CONSERTA-SE FOGÃO”, desde que verbo e sujeito se encontrem demarcados no singular. O mesmo ocorre com os demais exemplos citados no início do artigo, ou seja, precisam estar expressos no plural, dada a ocorrência de um sujeito expresso no plural (apartamentos, terrenos).

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