Aposto

Por Warley Souza

O aposto, termo acessório da oração, pode ser explicativo, enumerativo, recapitulativo, comparativo, distributivo, circunstancial, de especificação ou da oração.

Pessoa atrás de parede branca em que está escrito “Aposto”.
O aposto é um termo acessório da oração.

Aposto é um termo acessório da oração e acompanha substantivos, pronomes ou verbos. Portanto, depende de outro termo para completar o seu significado — diferentemente do vocativo, que é um termo independente e se configura em um chamamento ou invocação. Os tipos de aposto são: explicativo, enumerativo, resumidor, comparativo, distributivo, circunstancial, de especificação ou da oração.

Saiba mais: Conceitos essenciais da sintaxe

O que é aposto?

O aposto acompanha um substantivo, um pronome ou um verbo de uma oração. Esse termo acessório da oração é usado para explicar, especificar, comentar ou identificar algo ou alguém:

A água, recurso indispensável para a sobrevivência, está cada vez mais escassa.

Nesse caso, o aposto “recurso indispensável para a sobrevivência” explica o que é o substantivo “água” e demonstra a sua importância.

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Tipos de aposto

APOSTO

TIPO

DEFINIÇÃO

EXEMPLO

Explicativo

É aquele que explica, identifica ou esclarece algo.

Lampião e Maria Bonita, famosos cangaceiros, tiveram uma morte trágica.

Enumerativo

Tem a função de apontar ou enumerar os elementos que compõem determinado termo da oração.

Quero apenas isto: descanso, sossego e silêncio.

Recapitulativo ou resumidor

É um termo que resume em si elementos citados na oração.

Meus irmãos, meus amigos e meu pai, todos estavam torcendo por mim.

Comparativo

Realiza uma comparação implícita.

Seu cérebro, uma máquina potente, encontrava soluções para todos os problemas.

Distributivo

Faz a distribuição de elementos associados a um termo da oração.

Preciso de 50 reais: 30 para o sorvete e 20 para os biscoitos.

Circunstancial

Indica uma circunstância (tempo, causa etc.).

Jorge, quando casado, nunca estava em casa|1|.

De especificação

Especifica um termo de caráter genérico.

O rio Ouse é famoso devido a Virginia Woolf.

Da oração

É um comentário sobre acontecimento expresso na oração e também pode ser uma palavra que resume a oração.

Ficou em completo silêncio, indício de seu aborrecimento.

Havia uma sombra na sala, o que nos provocou arrepios de terror.

  • Videoaula sobre tipos de aposto

Diferenças entre aposto e vocativo

O aposto é um termo acessório da oração, de forma que apenas acompanha outros termos e, por isso, depende deles para existir:

O vento, as flores, os pássaros, tudo me lembrava você.

Nesse exemplo, o aposto “tudo” só existe para fazer uma retomada dos termos mencionados anteriormente. O seu sentido, portanto, está atrelado aos substantivos “vento”, “flores” e “pássaros”.

Já o vocativo é um termo independente na oração e se configura em um chamamento ou invocação. Ele deve estar sempre separado por vírgula:

Dionísio, cada coisa deve estar em seu lugar!

Cada coisa, meu filho, deve estar em seu lugar!

Veja também: Frase, oração e período — quais as diferenças entre eles?

Exercícios resolvidos sobre aposto

Questão 01

(Unimontes)

APRENDA A SE CONCENTRAR

Edison não conseguia se concentrar de jeito nenhum. Tinha sempre dois ou três empregos e passava o dia indo de um para outro. Adorava trocar mensagens, e se acostumou a escrever recados curtos e constantes, às vezes para mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Apesar de ser um homem mais inteligente do que a média, sofria quando precisava ler um livro inteiro. Para completar, comia rápido, dormia pouco e não conseguia se dedicar ao casamento conturbado, por falta de tempo. Identificou-se? Claro, quem não tem esses problemas? Passar horas no twitter ou no celular, correr de um lado para o outro e ter pouco tempo disponível para tantas coisas que você tem que fazer são dramas que todo mundo enfrenta. [...].

É verdade que tudo ao nosso redor serve para nos distrair, que as ferramentas criadas para roubar o nosso tempo estão cada vez mais interessantes e que todos aqueles links na internet são muito mais legais do que o nosso trabalho. Homens do tempo de Edison não tinham um celular que tocava ou recebia e-mails enquanto eles tentavam ler um livro — mas a luta humana pela concentração está longe de ser um problema moderno. Na verdade, é bem mais antigo do que você imagina. O que a neurociência já sabe é que se trata de um processo de escolha do que é importante. Vamos entender na prática.

[...]

Mas o verdadeiro desafio é focar naquilo que não é tão fascinante assim. Você sabe do que estamos falando: certamente já tentou estudar para uma prova ou prestar atenção no seu chefe, mas simplesmente não conseguiu. A culpa para a sua mente avoada está nos nossos ancestrais. Seu cérebro simplesmente não foi moldado pela evolução para passar muito tempo focado no mesmo assunto. Nossos parentes evolutivos — outros mamíferos, aves e répteis — precisavam sempre tomar decisões rápidas, fugir de um predador, caçar, procurar abrigo.

Para nossa sorte, e ao contrário de outros animais, somos capazes de acionar nosso neocórtex — a parte mais evoluída do cérebro — para tomar decisões a longo prazo, como a de estudar para uma prova, por exemplo. Mas, para cumpri-las, precisamos lutar contra a parte mais primitiva que carregamos — nosso cérebro reptiliano.

[...]

BLANCO, Gisela. Aprenda a se concentrar. Revista Superinteresante, São Paulo, p. 48-55, julho de 2012. Texto adaptado.

Em todas as alternativas, obedecendo-se à norma culta, os travessões foram usados, substituindo as vírgulas, para separar um aposto explicativo, EXCETO

a) “Nossos parentes evolutivos — outros mamíferos, aves e répteis — precisavam sempre tomar decisões rápidas...”

b) “Homens do tempo de Edison não tinham um celular que tocava ou recebia e-mails enquanto eles tentavam ler um livro — mas a luta humana pela concentração está longe de ser um problema moderno.”

c) “...somos capazes de acionar nosso neocórtex — a parte mais evoluída do cérebro — para tomar decisões a longo prazo...”

d) “Mas, para cumpri-las, precisamos lutar contra a parte mais primitiva que carregamos — nosso cérebro reptiliano.”

Resolução:

Alternativa B

É possível apontar os seguintes apostos explicativos: “outros mamíferos, aves e répteis” (alternativa A), “a parte mais evoluída do cérebro” (alternativa C) e “nosso cérebro reptiliano” (alternativa D). Já o trecho “mas a luta humana pela concentração está longe de ser um problema moderno” (alternativa B) não é um aposto, mas uma oração coordenada.

Questão 02

(Unimontes)

O MILAGRE DO SORINHO E OUTROS MILAGRES

A doutora Zilda Arns fez tudo ao contrário de como costumam ser feitos os programas de políticas públicas no Brasil. Não chamou o marqueteiro, como providência inaugural dos trabalhos. Não engendrou uma generosa burocracia, capaz de proporcionar bons e agradáveis empregos. Não ofereceu contratos milionários aos prestadores de serviço. Sobretudo, não anunciou o programa e, com o simples anúncio, deu a coisa por feita e resolvida. Milagre dos milagres. Zilda Arns, que morreu na semana passada, no terremoto do Haiti, aos 75 anos, realmente fez. [...].

O índice de mortalidade infantil no Brasil andava pelos 82,8 mortos por 1.000 nascidos vivos, em 1982, quando Zilda foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, a pôr sua experiência de médica pediatra e sanitarista a serviço de um programa de combate ao problema. Hoje está em 23,3 por 1.000. Nas áreas com atuação direta da Pastoral da Criança — são 42.000 comunidades pobres, espalhadas por 4.000 municípios brasileiros — está em 13 por 1.000. [...].

O escritor Saul Bellow conta que, certa vez, passeava de bote num rio infestado de jacarés quando começou a ficar apavorado. Não era tanto a morte que o apavorava. Era o necrológio: “Morreu ontem, devorado por jacarés...”. Zilda Arns está condenada ao necrológio: “Morreu de terremoto, no Haiti”. Não é esdrúxulo como ser devorado por um jacaré. Também não é raro como cair no poço do elevador, como a atriz Anecy Rocha, irmã de Glauber, ou ser tragado pela boca do Vesúvio, como o republicano histórico Silva Jardim. Mas é raro para um brasileiro, em cujo território não ocorrem terremotos de proporções mortais, e chocante como são as mortes inesperadas, provocadas por acidentes. Zilda Arns, como Anecy Rocha e Silva Jardim, morreu em circunstâncias do tipo que nunca se esquece. Mas, também, em circunstâncias que lhe coroam a vida. Estava no Haiti para, em contato com religiosos locais, propagar a metodologia da Pastoral da Criança. Morreu em combate.

Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 20-1-2010.

Verifica-se uma sequência de apostos na alternativa

a) “...Zilda foi convocada pelo irmão, o cardeal Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo...”

b) “A doutora Zilda Arns fez tudo ao contrário de como costumam ser feitos os programas de políticas públicas no Brasil.”

c) “O escritor Saul Bellow conta que, certa vez, passeava de bote num rio infestado de jacarés quando começou a ficar apavorado.”

d) “Zilda Arns, como Anecy Rocha e Silva Jardim, morreu em circunstâncias do tipo que nunca se esquece.”

Resolução:

Alternativa A

A sequência de apostos indicada no enunciado da questão é: “o cardeal Paulo Evaristo Arns” (explicativo) e “então arcebispo de São Paulo” (circunstancial).

Nota

|1| A doutora em linguística Márcia Teixeira Nogueira, em seu texto Indeterminações de fronteira da aposição: o chamado aposto circunstancial, informa: “Segundo Epifânio da Silva Dias, tal aposto é empregado quando se pretende exprimir ‘tempo, hipótese, concessão, causa, comparação, ou debaixo de que respeito é considerada a pessoa ou cousa’. Gramáticos como Brandão e Bechara também identificam tais construções como apositivas, inclusive quando elas são antecedidas de preposição, conjunção ou advérbio. Por outro lado, outros estudiosos da língua portuguesa, como Kehdi, preferem analisar tais expressões como orações adverbiais com verbo elíptico ou mesmo como adjuntos adverbiais. Alguns gramáticos, como Gama Kury, optam por analisar tais estruturas como predicativos circunstanciais de orações adverbiais com predicado nominal.”

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