Elementos que comprometem a clareza textual

Por Vânia Maria do Nascimento Duarte


A escrita requer certas habilidades - conquistadas gradativamente
 


Torna-se relevante salientar que a escrita, consoante à concepção de muitos, é algo repudiável em virtude de sua complexidade. Tal estigma relaciona-se a fatores distintos, desde a relação arraigada nas bases familiares até a conduta efetivada na educação formal.

Atendendo ao propósito de sermos mais precisos no que se refere à afirmativa em evidência, a desenvoltura quanto à aptidão para a escrita ocorre de forma gradativa. Para isto, influências externas, tais como, incentivo, convivência pautada pelo emprego de um bom vocabulário, dentre outros, são fatores que incidem diretamente no perfil de um bom escritor.

Neste ínterim, a figura do professor de Redação também ocupa lugar de destaque mediante a eficácia de procedimentos metodológicos que visem ao despertar do interesse pelo ato de redigir. Dentre os subsídios dos quais ele deverá usufruir é exatamente o estímulo no que tange a leitura, mola-mestra diante da aquisição do conhecimento linguístico, bem como do conhecimento de mundo frente à realidade social circundante.

Enfatizados todos os fatores que corroboram para a aquisição da referida competência, é chegado o momento de elencarmos nossos argumentos, organizando-os por meio de nossas ideias e, finalmente, transpô-las para o papel, uma vez que essas precisam estar claras, coerentes e coesas. Mas não sem antes analisarmos alguns aspectos que, de forma negativa, podem comprometer o nosso discurso, aos quais devemos nos atentar constantemente. Dentre esses, destacamos:

* Coesão e coerência – ambas de extrema importância na “arquitetura textual”. Ao nos referirmos à coesão, relacionamo-la à harmoniosa distribuição das ideias contidas nos parágrafos, as quais se apresentam interligadas de forma precisa, de modo a evitar repetições de termos, fato que inferioriza a estética textual. Mas de que forma podemos evitar tal ocorrência?

Neste caso, recorremo-nos ao uso dos pronomes, advérbios e conjunções. Como nos demonstra o exemplo a seguir:

“Na época, não conseguimos desvendar os mistérios que compunham o caso dos jovens condenados. Entretanto, a justiça se mostrou falha ao não realizar uma investigação mais efetiva acerca da conduta destes jovens.”

Percebemos que os termos em evidência se referem a outros citados anteriormente, instaurando dessa forma, uma perfeita ligação entre os elementos discursivos.

A coerência diz respeito à lógica interna do texto, na qual as ideias devem de forma inegável, fazer sentido para que o leitor as assimile de forma plausível.

* Redundância – Trata-se da repetição desnecessária de termos, que de certa forma interferem na clareza da mensagem. Observemos:

“Um dos candidatos apresentou seus projetos para o futuro, e um deles era a criação de novos empregos enquanto estivesse à frente da Prefeitura Municipal.”

Notamos que as expressões em grifo retomam a ideia anterior de modo desnecessário, uma vez que, por inferências, a mesma já foi detectada pelo leitor.

* Ambiguidade – Confere um duplo sentido ao discurso apresentado. Podemos conferi-la por meio do seguinte excerto:

“Carlos pegou o ônibus correndo”. Mediante tal enunciado, não identificamos se quem estava correndo era Carlos ou era o ônibus. Reformulando-a, teríamos;

“Carlos pegou o ônibus, o qual estava em alta velocidade.”

* Eco – Consiste no emprego de termos que “sonoramente” apresentam características idênticas:

“Atualmente, as pessoas geralmente são influenciadas pelos meios de comunicação de forma contundente”. Soaria melhor se ao invés dos referidos termos, utilizássemos:

“Atualmente, as pessoas, de um modo geral e de forma efetiva, são influenciadas pelos meios de comunicação.”

Diante do exposto, resta-nos ainda ressaltar sobre uma característica peculiar à escrita, ou seja, o padrão formal baseado nos parâmetros gramaticais, isentando-se de todo e qualquer traço de coloquialismo, como, por exemplo, o atributo a chavões, e, sobretudo, gírias.

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